sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Arroboboi, ou « Ahóahó Gbógbó Yέ » ?





Meu pai Doté Amilton: Xò ɖɛ̀ nú mì,`sua Benção`

Em seus estudos sobre as religioes dos africanos através do atlântico, o Dr. James L. Matory escreveu: “Nenhuma religião é pura, ou desprovida de influências culturalmente heterogêneas. No entanto, o que é notável sobre a nação Jeje não é apenas o seu papel fundamental no Candomblé durante o século XVIII, mas também o sucesso inicial e extraordinário de seus filhos, livres como Joaquim d'Almeida, Joaquim Devodê Branco, e Lourenço Cardoso, na promoção das trocas comerciais e culturais em curso entre a Baixa Costa da Guiné e o Brasil entre o início do século XIX e início de XX. As suas atividades e as dos outros migrantes circulares entre Bahia e África Ocidental deixou uma marca duradoura em não só os "grandes" casas de Candomblé do século XIX, mas também as grandes cidades do Brasil e as futuras nações do Benin, Togo e Gana. Alguns dos descendentes desses jejes brasileiros peregrinos, transmigrantes e comerciantes se tornariam presidentes desses estados-nações do Oeste Africano no século XX”. Esta localização geográfica coloca jejes e nagôs em uma mesma página da história desses povos na Diáspora que alcança o Brasil, e em particular singulariza a nossa Bahia, berço preferencial que embalou e nutriu o segmento cultural hibrido ao qual, hoje, alguns estudiosos fazem referencia usando a designação “Jeje-nagô”

O que podemos retirar desse trecho, é a constatação de um intercambio de ideias,costumes e tradições entre jejes e nagôs, e aplicando um pouco do conhecimento (ainda em franco processo de aquisição, somado a necessária criatividade) ousar no campo das conjecturas sobre expressões, frases e palavras dos rituais os quais celebramos ao longo da prática das nossas atividades religiosas.

No Jeje, somos ensinados a pronuncial a saudação “Arroboboi” para saudar uma série de Voduns. Para explicar o significado,cada Templo tem sua versão oficial, indubitavelmente correta e bem aplicada. Entretanto, pela ótica da pesquisa que desenvolvo em função de um Projeto de Resgate da Liturgia Jeje Corente com suas Correntes Formadoras na Diáspora Africana (título provisório), concluo por uma provável conjuntura semântica, associada a uma composição etmológica, a qual julgo altamente provável. É assim que surgem as raduções que caracterizam e tipificam a inha intervenção sobre os cantcos e rezas. Então, sob essa ótica e perspectiva, é que dou origem a uma tradução atualizada, ou seja, uma versão a mais para a Saudação sob interesse: Vejamos: A palavra da língua Fon (Fon gbe) Ahóahó, identifica uma serpente cor de cinza, muito rápida. A palavrá Gbó significa Grande. E uma postura linguistuca característica dos Ioruba-Nagô, e repetir a palavra compondo uma nova palavara que enfatiza o siginificado da palavra original. E o caso,por exemplo, da palavra Kéré, que significa pequeno, pequena. Essa palavra de origema palavra kérekére,que enfatiza de forma singular o significado de kéré,palavra a qual, por fim, no nosso jargão, virou kekerê. É assim que chamamos a Mãe Pequena de Iyá Kekerê. Por sua vez, a palavra Gbó, que signific ´grande´, evolvuiu para Gbógbó, ou seja, ´muito grande´,e eu retiro daí o sigificado da raiz etmológica Ahóahó Gbogbó :  Serpente Infinita.A palavra Yέ , significa Esprito. Daí, teremos, a saudação ;Ahóahó Gbógbó Yέ , ou seja, Salve o Infinito Espirito da Serpente., ou coisa parecida. Dai para Ahóahógbógbóyέ  e, finalmente, com o uso dinamico do termo, poderia, perfeitamente se reduzir a Ahóagbógbóyέ 

Espirito da Serpente Infinita !

Referencias :

1.    Le fongbe du Benin; disponível em: http://www.fongbe.fr/franc_vocabulaire/franc_vocabulaire_B.php  (acessado em: 06/02/15)