terça-feira, 4 de junho de 2013

Terreiro Vodun Zo: Fá Gbe, Lailemọ, o Insondável

Terreiro Vodun Zo: Fá Gbe, Lailemọ, o Insondável

Fá Gbe, Lailemọ, o Insondável



O homem africano dos dias atuais ainda guarda a presença de uma Energia Mística no Universo, como uma fonte de influência absoluta sobre a sua vida.
Quem tem a felicidade de conviver com os nossos irmãos nascidos na outra ponta do Atlântico, ouve as suas constantes referencias a atuação das forças que agem sobre a vida a partir da presença das energias insondáveis. O Iorubá, por exemplo, costuma se referir a homens e mulheres especiais que conhecem o segredo das coisas materiais e imateriais, capazes, segundo eles de alterar a constituição das coisas ao nosso redor. Homens e mulheres, como os magos (àwọ̀n òşó) e as fadas (àwọ̀n ajẹ) capazes de atravessar paredes como se elas não existissem, e de se “desmaterializar” em um ponto geográfico do planeta para se “(re) materializar” em outro ponto, como sugere, por exemplo, o filme “Jumper” uma produção americana de ficção científica, suspense e ação cujo personagem principal foi inspirado no romance ficção científica de Steven Gould lançado em 1992, e que tem o mesmo nome. O filme é dirigido por Doug Liman e tem no elenco estrelas com Samuel L. Jackson, Hayden Christensen, Jamie Bell e outros. O filme segue a trajetória de um jovem de nome David Rice (Christensen) que é capaz de se teletransportar e que vive luxuosamente usando o dinheiro roubado através dessa sua capacidade. Um dia, ele é emboscado em sua casa por Roland Cox (Jackson). Roland pertence a um grupo extremista chamado de paladinos que tentam rastrear e matar estes indivíduos capazes de se teletransportar, o "Jumpers". Ele tenta prender David com um sistema de cabos de alta tensão, que o impedem de saltar (se teletransportar), e o filme segue assim.
Entretanto esses mesmos africanos são unânimes em afirmar que não há maior poder sob o Deus-Todo-Poderoso que Fá (Ifá), ou o Destino. Talvez por conta dessa concepção, os sistemas religiosos que tomam como bases matrizes africanas e que florescem em regiões geográficas fora da África, como é o caso do Brasil, Cuba, Haiti, parte dos Estados Unidos, e afins, tenham como um dos seus pilares a prática do sacrifício e da oferenda (Ęb) como formas de alcance do Favor do Destino, do Insondável, ou “Lailemọ”. A tradução literal da palavra Iorubá “Lailemọ” é: “o que não se pode conhecer”, no sentido de que não existe meio, forma ou sistema racional capaz de revelar ou conhecer, ou entender a composição da sua essência.  
Por isso nós do Vodun Savalú  cultuamos Voduns e Orişa que fazem parte do sistema atemporal de Arquetípico que herdamos desde os nossos ancestrais  Daomeanos, vindos da região hoje denominada de República do Benin. Nós seguimos o conceito Vodun da alma e seu conceito magistral de Destino referido como kpoli. Aderimos ao 256 Du / Kpoli (chamado de Odù por nossos irmãos Iorubá-nagô) ), e as mensagens codificadas neles como revelado por Fá Ayidegun (Ộrúnmilà para os Iorubá).Colocamos no culto a Kutito (ancestrais), a propiciação prudente, através da oração, música, dança e oferendas. Precisamos ir ao Daomé, para nos juntarmos aos nossos irmãso nativos falantes do Fon Gbe, para nos participarmos de uma das cerimonias nas quais e os porta-estandartes da sociedade Kutitonu vão elevar o culto aos nossos ancestrais. É assim que seguimos a Realeza Sagrada (Ahosu) na sociedade dos ministros (Gan) observado por todo  verdadeiro Vodunsi seja do Togo,do Benin, de Lomé, de Savalou, de Allada, de Wydah (Ajuda), de Pakou , de Porto Novo, de Abomei, da Bahia, “kwk” (kwk é a espressão  Ki Bantu / Swahili "katha wa katha", que em Iorubá seria "ati bẹẹ bẹẹ lọ" que significa "e assim por diante" ou "etc, etc ..").
Longe de qualquer projeto purista ou essencialista, o nosso objetivo tem base na crença na santidade e na funcionalidade do Fongbe (língua Fon) e do Èdè Yorùbá (Idioma Iorubá) e na suas aplicações em nossos rituais e vida cotidiana em consonancia com a sonoridade e a prosódia que identificamos como própria da nossa Ancestralidade .

Refrencias:

1.      New African Vodun; Disponível em: http://newafrikanvodun.com/nav/nav.html  (acessado em: 04/06/2013);
2.       Zinzindohoue, B.; Traditional Religion in Africa: The Vodun Phenomenon in Benin; Disponível em: http://www.afrikaworld.net/afrel/zinzindohoue.htm  (acessado em: 04/06/2013);
3.      Imagem: Foto da festa das frutas, por Dofono George.